A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são grafados segundo acordos ortográficos.
Uso do “S”
- depois de ditongos: coisa, faisão, mausoléu, maisena, lousa.
- em nomes próprios com som de /z/: Neusa, Brasil, Sousa, Teresa.
- no sufixo -oso: cheiroso, manhoso, dengoso, gasosa.
- nos derivados do verbo querer: quis, quisesse.
- nos derivados do verbo pôr: pus, pusesse.
- no sufixo -ense, formador de adjetivo: canadense, paranaense, palmeirense.
- no sufixo -isa, indicando profissão ou ocupação feminina: papisa, profetisa, poetisa.
- nos sufixos -ês/ -esa, indicando origem, nacionalidade ou posição social: calabrês, milanês, português, norueguês, japonês, marquês, camponês, calabresa, milanesa, portuguesa, norueguesa, japonesa, marquesa, camponesa.
- nas palavras derivadas de outras que possuam S no radical: casa = casinha, casebre, casarão, casario; atrás = atrasado, atraso; paralisia =paralisante, paralisar, paralisação; análise = analisar, analisado.
- nos derivados de verbos que tragam o encontro consonantal -nd: pretende = pretensão; suspender = suspensão; expandir = expansão.
Uso do “Z”
- nas palavras derivadas de primitiva com Z: cruz = cruzamento, juiz = ajuizar, deslize = deslizar.
- nos sufixos -ez/-eza, formadores de substantivos abstratos a partir de adjetivos: altivo = altivez; mesquinho = mesquinhez; macio = maciez; belo = beleza; magro = magreza.
- no sufixo -izar, formador de verbos: hospital = hospitalizar; canal = canalizar; social = socializar; útil = utilizar; catequese = catequizar.
- nos verbos terminados em -uzir e seus derivados: conduzir, conduziu, conduzo; deduzir, deduzo, deduzi; produzir, produzo, produziste.
- no sufixo -zinho, formador de diminutivo: cãozinho, pezinho, paizinho, mãezinha, pobrezinha.
Uso do “H”
- o H inicial deve ser usado quando a etimologia o justifique: hábil, harpa, hiato, hóspede, húmus, herbívoro, hélice.
- o H deve ser eliminado do interior das palavras, se elas formarem um composto ou derivado sem hífen: desabitado, desidratar, desonra, inábil, inumano, reaver.
- no final de interjeições: ah! oh! ih!
Uso do “X”
- normalmente após ditongo: caixa, peixe, faixa, trouxa.
Caucho e seus derivados (recauchutar, recauchutagem) são escritos com CH.
- normalmente após a sílaba inicial en-: enxaqueca, enxada, enxoval, enxurrada.
- Usaremos CH depois da sílaba inicial en - caso ela seja derivada de uma com CH: de cheio = encher, enchimento, enchente; de charco = encharcado; de chumaço = enchumaçado; de chiqueiro = enchiqueirar
- depois da sílaba inicial me -: mexer, mexilhão, mexerica.
- Mecha e seus derivados são com CH.
Uso do “CH”
- Não há regras para o emprego do dígrafo CH.
Uso do “SS”
Emprega -se nas seguintes relações:
- ced — cess: ceder — cessão, conceder — concessão — concessionário.
- gred — gress: agredir — agressão, regredir — regressão.
- prim — press: imprimir — impressão, oprimir — opressão.
- tir — ssão: discutir — discussão, permitir — permissão.
Uso do “Ç”
- nas palavras de origem árabe, tupi ou africana: açafrão, açúcar, muçulmano, araçá, Paiçandu, miçanga, caçula.
- após ditongo: louça, feição, traição.
- na relação ter — tenção: abster — abstenção, reter — retenção.
Uso do “SC”
Não há regras para o uso de SC; sua presença é inteiramente etimológica.
Uso do “G”
- nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: pedágio, colégio, litígio, relógio, refúgio.
- nas palavras femininas terminadas em -gem: garagem, viagem, escalagem, vagem.
- Pajem e lambujem são exceções à regra.
Uso do “J”
- na terminação -aje: ultraje, traje, laje.
- nas formas verbais terminadas em -jar e seus derivados: arranjar, arranjem; viajar, viajem; despejar, despejem.
- em palavras de origem tupi: jiboia, pajé, jenipapo.
- nas palavras derivadas de outras que se escrevem com J: ajeitar (de jeito), laranjeira (de laranja).
Uso do “I”
- no prefixo anti -, que indica oposição: antibiótico, antiaéreo.
- nos verbos terminados em -air, -oer e -uir e seus derivados:
sair —sais, sai;
cair — cais, cai;
moer — móis, mói;
roer — róis, rói;
possuir — possuis, possui;
retribuir — retribuis, retribui.
Uso do “E”
- no prefixo -ante, que expressa anterioridade: anteontem, antepasto, antevéspera.
- nas formas verbais terminadas em -oar e -uar e seus derivados:
perdoar — perdoes, perdoe;
coar — coes, coe;
continuar — continues, continue;
efetuar — efetues, efetue.
POR QUE / POR QUÊ / PORQUÊ / PORQUE
POR QUE (separado e sem acento)
- Preposição + pronome interrogativo: interrogações diretas (longe do ponto de interrogação) ou interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale a “qual razão” ou “qual motivo”
Por que você não veio ontem?
Perguntei-lhe por que faltara à aula ontem.
- Preposição + pronome relativo: equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais”
Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
POR QUÊ (separado e com acento)
- como pronome interrogativo, quando colocado no fim da frase (perto do ponto de interrogação)
Você faltou. Por quê?
- quando isolado, em uma frase interrogativa
Por quê?
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)
- como conjunção coordenativa explicativa (equivale a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escrita (pode ser vírgula, ponto e vírgula e até ponto final)
Compre agora, porque há poucas peças.
- como conjunção subordinativa causal, substituível por “pela causa”, “razão de que”
Você perdeu porque se antecipou.
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
- como substantivo, com o sentido de “causa”, “razão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Geralmente é precedido por artigo
Não sei o porquê da discussão.
É uma pessoa cheia de porquês.
ORTOGRAFIA - ONDE / AONDE
Onde
Empregado com verbos que não expressam a ideia de movimento = Onde você está?
Aonde
Equivale a “para onde”. É usado com verbos que expressam movimento = Aonde você vai?
MAU / MAL
Mau
- é um adjetivo, antônimo de “bom”.
- Usa-se como qualificação
Exemplos
O mau tempo passou.
Ele é um mau elemento.
Mal
- Conjunção temporal, equivalente a “assim que”, “logo que”, “quando”
Mal se levantou, já saiu.
- advérbio de modo (antônimo de “bem”)
Você foi mal na prova?
- substantivo, podendo estar precedido de artigo ou pronome
Há males que vêm pra bem! / O mal não compensa.
HÍFEN
Uso do hífen que continua depois da Reforma:
Em palavras compostas por justaposição que formam uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem para formam um novo significado
tio-avô
porto-alegrense
luso-brasileiro
tenente-coronel
segunda-feira
conta-gotas
guarda-chuva
arco-íris
primeiro-ministro
azul-escuro
Em palavras compostas por espécies botânicas e zoológicas
couve-flor
bem-te-vi
bem-me-quer
abóbora-menina
erva-doce
feijão-verde
Nos compostos com elementos
Além: além-mar
Aquém
Recém: recém-nascido, recém-casado
Sem: sem-número
No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas exceções continuam por já estarem consagradas pelo uso
cor-de-rosa
arco-da-velha
mais-que-perfeito
pé-de-meia
água-de-colônia
queima-roupa
deus-dará
Nos encadeamentos de vocábulos, como:
percurso Lisboa-Coimbra-Porto
ponte Rio-Niterói
Combinações históricas ou ocasionais:
ÁustriaHungria
Angola-Brasil
Nas formações com os prefixos, quando associados com outro termo que é iniciado por “r”:
- hiper- hiper-resistente
- inter- inter-racial
- super- super-racional
Nas formações com os prefixos:
- Ex- ex-diretor, ex-presidente
- Vice- vice-governador, vice-prefeito
Na ênclise e mesóclise
amá-lo,
deixá-lo,
dá-se,
abraça-o,
lança-o
amá-lo-ei,
falar-lhe-ei,
Nas formações em que o prefixo tem como segundo termo uma palavra iniciada por “h”
sub-hepático
geo-história
neo-helênico
extra-humano
semi-hospitalar
super-homem
Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina com a mesma vogal do segundo elemento:
micro-ondas
eletro-ótica
semi-interno
auto-observação
Escreve-se com hífen
anti-horário
anti-infeccioso
auto-observação
contra-ataque
semi-interno
sobre-humano
super-realista
alto-mar
Não se emprega o hífen:
Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes
antirreligioso
contrarregra
infrassom
microssistema
minissaia
microrradiografia
Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com vogal diferente
antiaéreo
extraescolar
coeducação
autoestrada
autoaprendizagem
hidroelétrico
plurianual
autoescola
infraestrutura
Nas formações, em geral, que contêm os prefixos “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial
desumano
inábi
desabilitar
Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o segundo elemento começar com “o”
cooperação
coobrigação
coordenar
coocupante
coautor
coedição
coexistir
Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção de composição
pontapé
girassol
paraquedas
paraquedista
Em alguns compostos com o advérbio “bem”
benfeito
benquerer
benquerido
Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspondentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte, não havendo hífen:
pospor
predeterminar
predeterminado
pressuposto
propor
Escreveremos sem hífen
pôr do sol
antirreforma
antisséptico
antissocial
contrarreforma
minirrestaurante
ultrassom
antiaderente
anteprojeto
anticaspa
antivírus
autoajuda
autoelogio
autoestima
radiotáxi